Sou, eis a questão.

Sou café, sou a tardezinha, sou sol e lua. Sou a música alta e o vento frio, sou livros, sou histórias, sou palavras. Sou o lápis e o papel, sou o lado de dentro e o de fora.
Sou manhã sem sol, sou dia nublado, sou torta de maçã e rocambole de doce de leite. Sou guitarra e coral, sou as luzes da festa, sou o cheiro da madeira, sou o perfume de mim. Sou maçã com casca, sou o cadarço sujo, sou o pó e o espelho. Sou o início, o meio, e o fim.
Sou as músicas repetidas, sou férias de verão, sou aquela folha seca, sou preto e branco. Sou dragão, sou feiticeiro, sou vampiro. Sou metal, sou o silêncio, sou o som. Sou o verde da mata e o verde da parede, sou foto, sou cor, sou o que existe, sou o dom. Sou nomes diferentes, sou um monte de gente. Sou de Marte e de Saturno. Sou Capricórnio mas também sou um leão.
Sou carta, sou desenho, sou rabisco na mão; sou arte. Sou o que foi engraçado, sou letra de música, sou a imitação. Sou uma divisória voadora, sou um copo vazio, sou choros sorridentes e sorriso chorosos. Sou recordação amadora.
Sou o que sou e o que digo. Sou o que vê e o que não vê, sou inteiro e infinito, sou luz e sou breu. Sou parte do que aqui está, sou o que uma parte está aqui, sou nada aqui nem acolá. Sou tudo que é meu, sou tudo o que sei, sou o que fui e o que serei. Sou meu, sou teu, sou apenas: eu.