Há muito tempo atrás, numa era em que deuses imortais governavam o mundo em que vivemos, uma sábia deusa foi designada a povoar todo o mundo com seres vivos distintos, cada qual feito de forma peculiar e, claro, mágica. Então, a sábia deusa, usando seus poderes, criou várias formas de animais, alguns muito distintos dos que conhecemos hoje em dia. Deu a eles corpo, depois deu a eles instinto, em seguida deu a cada o dom de pensar e falar, e, para concluir, deu o sopro de vida em suas criaturas. Assim, cada animal foi mandado a diferentes cantos do mundo, para que vivesse cada um à sua forma. A deusa estava satisfeita pelo trabalho bem feito.
Mas, passada uma semana, três animais promoveram uma audiência com a deusa, alegando estarem infelizes com sua precoce vida e forma. A deusa ficou aborrecida, porém, deixou que fizessem seus pedidos, e, ainda assim, prometeu realizar as mudanças requeridas pelos três animais. Sendo assim, os três puseram-se a falar.
- Quero mais braços fortes para que nenhuma vítima me escape, para que eu consiga satisfazer minha insaciável fome! – falou o primeiro animal. Então, a sábia deusa conferiu a ele oito grandes braços com ventosas poderosas, para que nenhuma presa conseguisse fugir dele. O animal ficou sorridente.
- E eu quero o veneno mais poderoso e mortal do mundo, para que eu seja temido por todos! – pediu o segundo animal. A deusa então ordenou que seus súditos reunissem os venenos mais variados e poderosos do mundo e o entregou ao animal, satisfazendo então o desejo dele.
Então, o terceiro animal, observando as transformações sofridas pelos seus amigos e o que eles haviam se tornado, mudou de ideia quanto a sua rogativa sobre suas formas estranhas e ineficazes. Resolveu então continuar como era, embora soubesse que continuariam caçoando de sua enorme e pesada carapaça. Assim sendo, os três animais foram enviados de volta a terra, onde voltaram a viver suas vidas, cada um à sua forma, sem nunca deixarem de ser observados pela poderosa deusa.
E, depois de muito tempo, a Morte trouxe de volta dois daqueles animais para a deusa, que ficou contente com o reencontro e não se surpreendeu com o que viu.
- Oh, Sábia Deusa! Olhe a desgraça que me causou! – falou o primeiro animal, desesperado, esticando todos seus oito braços em direção à deusa. – Assim que pude procriar, fui devorado por meus próprios filhos famintos! O que fizeste comigo?
- E eu, Deusa, me tornei o animal mais solitário do mundo! – começou a falar o segundo animal, em prantos. – Da forma que me fizeste, só fui temida, ninguém gostava de mim, e todos morriam à minha volta. Por que isso, deusa? Ajude-nos!
- Criaturas, eu apenas realizei seus desejos! – falou a deusa aos dois animais – Não sou responsável pelo seu infortúnio. Antes tivessem vivido da forma que lhe cabia, antes tivessem se dado por satisfeitos, antes tivessem pensado duas vezes antes de tomar aquela iniciativa e visto que não aguentariam as consequências. Mas a cobiça os moveu até aqui naquela ocasião, e isso sim foi a causa de sua desventura. Cada um é responsável por seus desejos e por suas devidas implicações, sejam elas benévolas ou malignas. Sinto muito, criaturas, mas não posso intervir no destino que vocês mesmo cuidaram de escrever.
Sendo assim, a Morte completou seu trabalho, levando os dois animais para seu submundo. A deusa, por sua vez, ficou feliz pela lição dada àqueles seres. E, depois de muito mais tempo, conseguiu se reencontrar com o outro animal a quem concedera corpo forte e vida longa. Ao contrário de seus companheiros, o humilde animal não fez um pedido movido pela ganância, e sim pela a sobrevivência de sua espécie.
- Ó, Grande Deusa, fico grato pela vida que me foi concedida. – agradeceu o terceiro animal, feliz – Com tudo que me foi dado, pude procriar e viver com meus iguais, proteger minha família e ver o mundo caminhando em frente. Vivi uma vida longa, sem medos, sem ódio. Obrigado.
E, assim, o animal seguiu. Não para os braços da Morte, mas para um futuro em outra dimensão destinada apenas aos seres mais justos e dignos da paz eterna. E a lição que presenciara continuou sendo passada de pais para filhos naquele mundo longínquo regido por deuses.
Moral: "Nunca devemos morder mais do que aquilo que podemos engolir"
5 comentários:
Carãa, adoro fábulas *--* é, e gostei bastante.. Boa fábula e boa moral trazida por ela. E que além de entender, que aprendam com isso x) umbjo.
Adoreei o texto *-*
Que as pessoas aprendam a ser menos gananciosas!
◘Tá muito linda, realmente passa uma boa mensagem, uma mensagem verdadeira, gostei muito◘
◘Tu ainda vai ter um livro ◘
Olha, ele também escreve fábulas e super bem por sinal!
Postar um comentário